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A expansão da graduação à distância e seus reflexos no ensino superior

EaD cresce em todo o país, com docentes e alunos descobrindo novas possibilidades de ensino e aprendizagem

Antes de 2020, ter um diploma de graduação por meio de EaD era uma caminho um tanto tortuoso. Muitos até percebiam com bons olhos a expansão da modalidade, mas não sentiam plena confiança em seus métodos. Outros até confiavam, mas temiam o mercado de trabalho. Desde a pandemia, no entanto, a graduação à distância se tornou, para muitos,  a única opção em seguir no ensino superior, devido ao rigor das medidas sanitárias. 

Para além das mudanças provocadas pela pandemia na educação brasileira, a graduação à distância acabou se popularizando mesmo depois do fim das restrições sanitárias. Os dados mais recentes do Censo da Educação Superior, de 2022, mostram que a modalidade EaD já abarca cerca 41,4% das matrículas nessas instituições. Nos graus acadêmicos de Licenciatura e Tecnólogos, os cursos à distância já são maioria, com 61% e 77,5%, respectivamente.

Vale lembrar que uma graduação à distância não tem que ser cumprida completamente por modalidade EaD, já que muitas instituições, com a missão em garantir a devida eficácia de seus cursos, buscam conciliar as atividades virtuais às presenciais, possibilitando que o aluno possa ter as duas experiências de forma simultânea.  Embora a modalidade EaD tenha aumentado substancialmente, há sim muitos especialistas preocupados com a eficácia dessas novas formas de ensino.

No Ecossistema BRAS Educacional, por exemplo, oferecemos modalidades parcial ou 100% a distância, a depender do curso e de suas características. A intenção é conciliar as facilidades de ensino num país tão extenso como o Brasil, sem perder os requisitos mínimos de uma graduação à distância, seja bacharelado, licenciatura ou curso técnico. Como nossa missão é estar sempre atento à qualidade do ensino, resolvemos conversar um  pouco mais com docentes e alunos dessa modalidade.

O que muda no EaD?

Com a possibilidade de estudar a distância cada vez mais possível, estudantes e instituições de ensino entenderam com rapidez que um diploma superior estava mais fácil. No entanto, para o pedagogo e docente da UniBRAS Digital, Rafael Moreira, essa leitura não necessariamente corresponde com a realidade. Isso porque estudar a distância pode até oferecer mais flexibilidade de horários e métodos de estudos, mas também exige do aluno mais disciplina na rotina de estudos. 

Ele explica que, quando se fala nas diferenças das modalidades, cursar uma graduação à distância dá ao aluno uma maior autonomia, já que ele não precisa estar necessariamente no mesmo momento do professor. Ele pode se organizar para assistir uma vídeo aula gravada, mas também pode assistir a aula em tempo real. Tudo depende das suas possibilidades, e também da organização e programação desse estudante. 

Na modalidade EaD, as possibilidades do professor também são diferentes, e isso impacta na maneira de lecionar. “O ensino à distância traz recursos digitais que podem ser usados para dinamizar uma aula. No presencial também existe a possibilidade de se usar vários recursos, seja de projeção, imagem ou vídeo. Mas existe a questão da relação direta entre o aluno e o professor, que gera uma aproximação”, argumenta. 

O docente explica que essa relação é mais simples no presencial, considerando que atividades como uma aula invertida, ou um estudo de caso já auxiliam nessa aproximação. Mas no presencial, mesmo com a possibilidade de também se realizar atividades semelhantes, há outras questões como conexão de rede, a dificuldade de saber se o aluno de fato está prestando atenção – já que muitas vezes a câmera está desligada. 

“A principal diferença é que existem intencionalidades pedagógicas diferentes. E para que não se perca a qualidade do ensino, é preciso entender que todos nós temos um objetivo em comum. E essa qualidade tem que ser mensurada em tudo, e não somente em uma prova. Há a necessidade de uma intimidade entre os alunos e professor, atrelada ao conteúdo e à disciplina. É algo contínuo”. 

Para Rafael, embora em contextos diferentes, essa questão da qualidade na graduação à distância não é diferente da graduação presencial. Isso porque, muitas vezes, mesmo o aluno estando na aula presencialmente todos os dias, muitas vezes ele também não consegue ter excelência nos resultados. 

O pedagogo também explica que há também semelhanças nas expectativas dos estudantes. Isso porque, não importa se é uma graduação à distância ou presencial, há sempre estudantes que não entendem que, em uma instituição de ensino superior, é oferecida uma formação, e não só um diploma. Assim, em ambas modalidades há estudantes que acabam se frustrando quando percebem que há estrutura acadêmica diferente, há problemas como a evasão. 

É pensando por esse lado que o professor entende que, embora a graduação à distância seja uma opção muito interessante tanto para aqueles que buscam uma formação com mais possibilidades de estudo,  e também para docentes que buscam no espaço virtual novas maneiras de lecionar e trabalhar, é necessário estar atento aos crescimento das modalidades de EaD, para que não se perca o foco. 

“Como uma pessoa que teve a oportunidade de estudar à distância, e hoje trabalho da mesma forma, penso que há necessidade de valorização da modalidade. Isso porque houve uma certa confusão de certas instituições de ensino e de certos alunos de que a graduação à distância é mais fácil, quando na verdade ela exige uma autonomia didática com disciplina”. 

Para isso, Rafael argumenta que os professores precisam estar atentos às dificuldades dos alunos, e os alunos precisam estar atentos à qualidade do ensino ofertado e das instituições que oferecem. Também aponta que a legislação do Ministério da Educação precisa estar de acordo com o objetivo de formação desses estudantes. Isso porque sem os devidos cuidados, esses objetivos não são alcançados. 

A pesquisadora, docente e coordenadora dos cursos de Fisioterapia, Educação Física e Estética e Cosmética do UniFACTHUS, Nathalia Borges, concorda sobre a necessidade autodisciplina dos alunos. Para ela, além da distância, o EaD difere do ensino presencial em termos de interação física, dinâmica da sala de aula e métodos de avaliação. 

 “No EAD há maior flexibilidade de horários para acampamento das aulas e estudo, e a utilização de recursos digitais e ferramentas de aprendizagem que podem enriquecer a experiência educacional, enquanto o ensino presencial pode proporcionar uma experiência mais imediata, colaborativa e interativa entre os alunos”, reflete. 

A docente entende que, na graduação à distância, para se manter a qualidade do ensino, é preciso estar atento ao conteúdo, com o desenvolvimento de material didático de qualidade em vários formatos. Também cita medidas como oferecer suporte técnico-pedagógico aos alunos,  promover a interação entre alunos e professores por meio de fóruns de discussão e chats ao vivo, utilizar métodos de avaliação variados e significativos, incentivar a participação ativa dos alunos e criar um ambiente de aprendizagem colaborativo, entre outras. 

“No meu ponto de vista, as maiores dificuldades no ensino a distância são a falta de interação do alunos, a manutenção da autodisciplina e gestão do tempo, e o acesso inadequado à internet de alta velocidade ou falta de familiaridade com tecnologias educacionais dificultam a participação e o acesso ao conteúdo”

O estudante Junior Shin cursa Administração na UniBRAS Digital de forma 100% presencial. Ele explica que inicialmente buscou o curso pela questão da flexibilidade, já que podendo estudar nos horários próprios, podem conciliar o estudo com o trabalho. 

“Minha rotina diária se baseia em acordar cedo e treinar. Depois vou pro trabalho e fico até às 18h. Chegando em casa acompanho as aulas síncronas do dia e faço algumas atividades”, explica. 

Para ele existem sim dificuldades na graduação à distância, como a impossibilidade do professor responder a algumas dúvidas no momento, por exemplo. Mas Junior é unânime quando faz um balanço do curso feito inteiramente na modalidade EaD. 

“Acredito que o EaD da UniBras tem muito a agregar, academicamente falando. Tem muitas ferramentas, suporte e opções para os alunos. Claro que há pontos para melhorar, mas é só o início da era Digital na UniBras. Tenho total certeza que seremos referência no quesito educação digital e temos um futuro brilhante a trilhar”. (Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação do Ecossistema BRAS Educacional)

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